Nessa segunda parte veremos como gerar um makefile a partir do comando Automake, inserir bibliotecas e outros comandos e informações necessárias.
Na Parte I, geramos um script que verifica as dependências e configurações do sistema para a compilação dos códigos-fonte: o 'configure'. A partir da execução desse script, temos a geração do Makefile e assim podemos compilar nosso código.
Antes de continuarmos, vamos sanar o problema da falta do arquivo "config.h.in". Para isso, executamos simplesmente,
autoheader
Verificamos que, se executarmos o script 'configure' novamente, o erro "config.status: error: cannot find input file: `config.h.in'" não será exibido e ao invés disso, ele criará o arquivo "config.h".
Tal arquivo é o que garante a portabilidade do código no momento da compilação. Nele é possível colocar as definições necessárias para as diretivas de compilação, por exemplo.
Gerando um Makefile a partir do Automake
Uma das características mais interessantes dessas ferramentas, na minha opinião, é justamente essa: poder gerar um makefile completo e de forma automática. Primeiramente, devemos incluir o comando no nosso script que indica a criação de um Makefile automatico. Portanto, no arquivo "configure.ac" incluímos o seguinte trecho,
...
C_PREREQ([2.67])
AC_INIT([FULL-PACKAGE-NAME], [VERSION], [BUG-REPORT-ADDRESS])
AM_INIT_AUTOMAKE
AC_CONFIG_SRCDIR([src/helloworld.c])
AC_CONFIG_HEADERS([config.h])
C_PREREQ([2.67])
AC_INIT([FULL-PACKAGE-NAME], [VERSION], [BUG-REPORT-ADDRESS])
AM_INIT_AUTOMAKE
AC_CONFIG_SRCDIR([src/helloworld.c])
AC_CONFIG_HEADERS([config.h])
...
Continuando, devemos agora renomear nosso simples Makefile criado inicialmente para 'Makefile.in',
mv Makefile Makefile.in
Ou seja, nosso makefile servirá como input para a criação do novo arquivo. E, antes de executar o comando principal, executamos,
aclocal
A execução cria o arquivo aclocal.m4 que por sua vez une todas as macros necessárias para a compilação, inclusive as definidas pelo programador, em um único arquivo.
Criamos o arquivo 'Makefile.am' para especificar os parametros a serem definidos pelo Automake. Abaixo um exemplo para nosso programa "hello world".
# Exemplo de Makefile.am
bin_PROGRAMS=helloworld
helloworld_SOURCES=src/helloworld.c
CLEANFILES=./*.o \
helloworld
bin_PROGRAMS=helloworld
helloworld_SOURCES=src/helloworld.c
CLEANFILES=./*.o \
helloworld
Enfim, executamos,
automake --add-missing --copy
Os parametros "--add-missing" e "--copy" fazem com que o automake copie arquivos necessários como o "install-sh" e "missing" que ainda não estão presente no nosso projeto.
A Saída da execução do comando em questão identificará a falta de alguns arquivos. A simples criação deles resolve o problema!
touch ./NEWS ./README ./AUTHORS ./ChangeLog
Os nomes dos arquivos são bem sugestivos às suas reais finalidades.
Incluindo bibliotecas específicas
Muitas vezes, nosso projeto necessita da importação de algumas bibliotecas e como elas são inseridas na configuração e geração do Makefile? A resposta é continuação desse tutorial.
Iremos utilizar duas bibliotecas a "math.h" e as bibliotecas da Glib.
Começando pela "math.h", alteremos o código do helloworld.c na pasta 'src/'.
// helloworld.c com Math.h
#include <stdio.h>
#include <math.h>
#define PI 3.1415926
int main(int argc, char *argv[]) {
float x = sin(PI/6);
printf("Seno de 60: %f\n", x);
return 0;
}
#include <stdio.h>
#include <math.h>
#define PI 3.1415926
int main(int argc, char *argv[]) {
float x = sin(PI/6);
printf("Seno de 60: %f\n", x);
return 0;
}
Inicialmente, devemos abrir o arquivo "configure.ac" e inserir o seguinte trecho em vermelho.
...
# Checks for libraries.
AC_CHECK_LIB(m, sin)
# Checks for libraries.
AC_CHECK_LIB(m, sin)
...
Lembre-se que quando compilamos, passamos o parâmetro "-lm" para incluir a "math.h". Logo o "m" representa tal parametro. A segunda entrada checa se existe a função "sin()" na biblioteca verificada.
Salve o arquivo "configure.ac" e execute,
autoreconf
make
./helloworld
Agora, a biblioteca "math.h" pode ser usada tranquilamente no projeto.
E se por um acaso, as libs estão em pastas específicas? Você pode adicioná-las antes da checagem acima usando,
No caso da Glib, quando pretendemos compilar um código-fonte que faz o uso da biblioteca usamos comumente o pkg-config passando o parametro: `pkg-config --cflags --libs glib-2.0`.
Para configurá-lo adequadamente devemos inserir o seguite código no arquivo 'configure.ac',
...
AC_CONFIG_HEADERS([config.h])
# Check libraries with pkg-config
PKG_CHECK_MODULES(GLIB, glib-2.0)
# Checks for programs.
AC_PROG_CC
...
Dessa forma, o script 'configure' irá verificar as dependências e adicionar o parâmetro citado automaticamente no Makefile gerado.
Por fim, toda a configuração necessária para incluir uma biblioteca na configuração do Automake usando duas maneiras diferentes de inclusão foi demonstrada acima.
E se por um acaso, as libs estão em pastas específicas? Você pode adicioná-las antes da checagem acima usando,
LDFLAGS = "$LDFLAGS -L/local_da_sua_lib/"
CFLAGS = "$CFLAGS -I/local_da_sua_lib/"
CFLAGS = "$CFLAGS -I/local_da_sua_lib/"
No caso da Glib, quando pretendemos compilar um código-fonte que faz o uso da biblioteca usamos comumente o pkg-config passando o parametro: `pkg-config --cflags --libs glib-2.0`.
Para configurá-lo adequadamente devemos inserir o seguite código no arquivo 'configure.ac',
...
AC_CONFIG_HEADERS([config.h])
# Check libraries with pkg-config
PKG_CHECK_MODULES(GLIB, glib-2.0)
# Checks for programs.
AC_PROG_CC
...
Dessa forma, o script 'configure' irá verificar as dependências e adicionar o parâmetro citado automaticamente no Makefile gerado.
Por fim, toda a configuração necessária para incluir uma biblioteca na configuração do Automake usando duas maneiras diferentes de inclusão foi demonstrada acima.
O diretório autom4te.cache
Como fora dito na Parte I, nota-se que quando é executado o 'autoconf' uma pasta chamada autom4te.cache é criada. O intuito dela é guardar informações para que a execução de outras ferramentas como o 'autoheader' e o 'automake' seja facilitada. Ou seja, quando reconfiguramos alguns arquivos referentes ao 'automake' não é necessário executar toda vez o 'autoconf' porque os dados necessário já estão salvos (cached) no diretório 'autom4te.cache'. A sua presença não é vital para o projeto, mas a sua remoção força a execução do 'autoconf' toda vez que um comando precisar dos dados de saída do mesmo.
Conclusão
O Tutorial apresentado foi uma visão extremamente básica sobre a ferramenta GNU Autotools para que qualquer desenvolvedor interessado possa já configurar seu projeto facilmente e torná-lo portável. Há materiais na literatura e na internet de fácil acesso que abordam assuntos mais aprofundados. Inclusive, o próprio manual da ferramenta (como exemplo o Autoconf Manual) é um excelente guia de estudo avançado.
Referências Extras